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Lilian - Lilian (CD Promocional)

Lilian é natural de Lauro Muller, cidade do interior de Santa Catarina. Aos 12 anos, sua relação com a música começou a ganhar contornos de intimidade. Aos 14, o que era um gosto particular virou coisa séria. Um ofício, como qualquer outro, mas que exige entrega e paixão além do normal para exercê-lo. Hoje, aos 28 anos e radicada no Rio de Janeiro, Lilian, com a bagagem de quem já venceu festivais de música, abriu shows de artistas como Gal Costa e Vanessa da Mata, além de estrelar shows próprios, dentre outros fatos, acumula experiência e bagagem para se firmar entre as cantoras que serão para sempre lembradas na história da música brasileira.

Um disco (apenas promocional) é o motivo dela estar por aqui hoje. Muito mais do que isso, creio que é uma viagem onde o ouvinte torna-se passageiro, tendo como guia de turismo a própria Lilian. Os pontos turísticos são seis clássicos da música popular brasileira (fundamentais para os que querem se iniciar no assunto) e uma pérola contemporânea. Nesse trabalho, é nítida a afinação exemplar, a emissão límpida e o cuidado com os arranjos, afinal, canções clássicas merecem tal tratamento.

No transcorrer das faixas, percebemos que cada uma delas acaba mostrando as inúmeras facetas dessa cantora. O que significa que ela não tentou reproduzir (seria kitsch) as interpretações consideradas definitivas que essas canções já receberam. É uma artista ousada, que não cai no conforto e certezas sonolentas das cantoras que plagiam (sempre sem a mesma eficácia) o que outras cantoras com anos de estrada já fizeram e perpetuaram.

Enquanto prepara um disco “tradicional”, com todas as faixas, vamos dar o ponto de partida a esse CD?

Envolta num arranjo elegante e interpretação refinada, “Correnteza” (Tom Jobim e Luiz Bonfá) conta na introdução com uma reprodução de barulhos que vem do mar. Fica até difícil resistir ao charme de uma voz que dá vida ao seguinte verso: “o meu bem já está dormindo, zombando do meu amor”.

Lilian já começa a segunda faixa, “Desde que o samba é samba” (Caetano Veloso), avisando: “cantando eu mando a tristeza embora”. Você espanta a nossa tristeza também. Principalmente quando também canta essa frase: “solidão apavora”. Nesse momento, Lilian agrega os seus ouvintes. Essa canção vira um samba gostoso, fazendo os pés quererem dançar logo. O agudo de diva da Bossa Nova torna esse samba finérrimo.

Em “Este seu olhar” (Tom Jobim) percebemos como o piano flerta muito bem com a voz da Lilian. A interpretação suave vai encantando lentamente. A equação “canção de Tom Jobim+ arranjo certeiro+ voz a altura” funciona.

O samba sorri quando Lilian entra na roda.  Como comprovar? Tente com “Teu samba” (Tatiana Cobbett). Nessa canção, Lilian não fica devendo nada as grandes sambistas. Não dá para não sair sambando enlouquecidamente quando ela canta versos como: “teu samba é filosofia, teu samba tem mote, tem cor teu samba, abstrai e pratica”. O trombone acrescenta e dá ainda mais cara de samba a essa faixa.

“A violeira” (Tom Jobim e Chico Buarque) ganhou roupagem de forró com direito a sanfona e tudo. A letra ainda tem semelhanças com a vida da interprete: “desde menina, caprichosa e nordestina, que eu sabia, a minha sina, era no Rio vir morar”. Dá vontade de dançar instantaneamente: e pode ser homem com homem e mulher com mulher (contrariando Tim Maia). Por fim, é um forró muito simpático, com letra inteligente e sem apelo sexual e mensagens obscenas e metáforas chulas, como é (infelizmente) comum atualmente. É uma das melhores do disco.

“Água de beber” (Vinícius de Moraes e Tom Jobim) é um clássico que faz parte do repertório da Astrud Gilberto. Essa canção vai crescendo, fazendo o ouvinte cantar junto sem nem se dar conta. O refrão, sincronizado com a interpretação, resulta numa bela junção. Um dos melhores arranjos do disco é o dessa faixa. Lilian revitaliza esse clássico, além de inteligentemente não tentar simular a gravação da Astrud, mostrando que tem personalidade.

“Canta Brasil” (Alcyr Pires Vermelho e David Nasser) começa de um jeito suave e vira um “sambão”. Lilian defende tão bem essa música que nos faz imaginá-la na época dos grandes festivais da música brasileira. Depreendemos que ela também é uma cantora corajosa ao interpretar uma música associada a grande Elis Regina e ainda por cima dar sua cara a ela. Uma cantora deve ser ousada, atrevida melhor dizendo: Lilian sabe disso. O arranjo é extremamente bem feito e faz o ouvinte desejar ter participado do processo de feitura dessa faixa. E das outras também.

Escute o CD aqui:

1º Correnteza



2º Desde que o samba é samba



3º Este seu olhar



4º Teu samba



5º A violeira



6º Água de beber



7º Canta brasil



 



 



 

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