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Joyce Cândido

Panapaná, em tupi-guarani, significa borboleta. É a melhor definição da cantora, atriz e compositora natural de Maracaí (SP), Joyce Cândido, a borboleta cantante. Além disso, é o nome do seu primeiro disco, lançado em 2006 com distribuição limitada a cidade de Londrina. Com produção de João Vidotti, formado por composições próprias e de amigos londrinenses, é nesse álbum que Joyce começa a sentir nas veias a responsabilidade do canto.
 
Diferente dos que dormem num dia e no outro colocam em si mesmos a alcunha de artista, Joyce buscou lapidar o talento. Iniciou os estudos no Conservatório Carlos Gomes de Marília, graduando-se em piano. Na universidade de Londrina terminou o curso de Música. Na "Funcart" - 

Fundação Artística de Londrina - se dedicou ao balé e ao teatro. Por fim, em 2008 arrumou as malas com destino a Nova York. Lá, com o leque de opções mais do que recheado, estudou desde sapateado, passando por jazz e chegando ao teatro musical. Por mérito próprio, participou de musicais os mais adversos. Se vocês conhecem o que convém chamar por aí de "artista completo", sabem do que estou falando.

 
2011 foi um ano com gosto de vitória pessoal/profissional para Joyce. A moça ganhou o prêmio de "Melhor Cantora" no "Brazilian International Press Award". Agraciada pelo destino, caiu nas graças de ninguém menos do que Chico Buarque: atento, ouviu seu segundo disco e a indicou para a cúpula da gravadora carioca Biscoito Fino, que se responsabilizou pela distribuição. Trata-se de "O Bom e Velho Samba Novo", capitaneado pelo atento e esperto Alceu Maia. A track list se divide em belas canções de imortais da canção tupiniquim e outros autores contemporâneos. Como se não fosse suficiente, a atriz Leticia Sabatella participa de "Feitio de Oração" (Vadico e Noel Rosa). Um disco mais do que bem elaborado, um disco que refresca e soma na música brasileira.
 
"Gosto da Marilia Pêra, Leticia Sabatella, da Alessandra Maestrini e Isabela Bicalho. Logicamente, Bibi Ferreira, minha favorita!", diz Joyce sobre suas atrizes/cantoras prediletas. Nesse ponto, a última artista citada é figura importantíssima pra ela: moradora do panteão sagrado das divas brasileiras, Bibi Ferreira fez a direção musical do show homônimo de lançamento do segundo disco de Joyce, realizado no Teatro Rival (RJ). E ainda pode ser orgulhar de ser admirada por Bibi, não é para qualquer uma não.
 
Com tanta bagagem cultural e aprendizados acumulados, fica faltando um DVD, não acha Joyce? "Estamos preparando um DVD neste ano, com convidados especiais, músicas inéditas e muito mais. Terei novidades em breve!". Como este site preza primeiramente por seus leitores, já completamos a informação: Joyce gravou show realizado em junho deste ano na capital carioca. No elenco dele, um time mais estrelado que o céu em noite de lua cheia: João Bosco, Elza Soares, Carlinhos de Jesus e Toninho Gerais.
 
A partir de agora, deixo-os com Joyce, que fala sobre seu começo de carreira, rememora a época fora do Brasil, explica o processo de feitura de seus dois discos e passa a limpo sua trajetória até aqui. Confira:
Você começou os estudos musicais no Conservatório Carlos Gomes de Marília (onde se formou em piano). Na Universidade Estadual de Londrina você concluiu o curso de Música. Na Fundação Artística de Londrina (Funcart) você estudou balé e teatro. Era uma maneira de se descobrir melhor como artista, tendo mais embasamento para seguir a sua carreira?
 
Sim! Sempre gostei de arte, desde criança. Tive oportunidade de estudar música, dança e teatro. Me empenhei em tudo que pude para aprender e vivenciar experiências artísticas diversas que, com certeza, ajudam em minha carreira.
 
No ano de 2006 você lançou, com distribuição apenas local, o seu primeiro disco, “Panapaná”. Só que você não o considera a sua verdadeira estreia. Por qual motivo? Não é um disco que te agrade?
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Me agrada muito! O “ Panapaná” reuniu composições minhas e de amigos de Londrina, foi produzido por João Vidotti, é um trabalho muito bonito. Eu considero meu segundo CD “ O bom e velho samba novo” como minha estréia nacional, exatamente porque o primeiro só teve distribuição local, foi parte de um projeto de lei de incentivo `a cultura do município de Londrina, sem pretensões de distribuição ou realização de shows fora da cidade de Londrina, na qual fiz Faculdade de música.
 
“Panapaná” tem composições suas, como “Ditado Popular”, “Jasmin” e “Graça”. João Vidotti ficou responsável pela produção desse álbum que também incluiu uma regravação de “Capitu” (Luiz Tatit). Como esse disco nasceu?
 
Foi fruto de um projeto chamado Promic- Programa Municipal de Incentivo `a Cultura de Londrina. Eu havia terminado a Faculdade de música e tinha algumas composições guardadas. Resolvi escrever um projeto que reunisse essas canções e escolhi algumas canções de amigos meus. " Capitu" foi a única regravação. O título " Panapaná" significa Borboleta em tupi-guarani, e é o coletivo de borboleta em português. A música " Jasmim", de minha autoria, é uma fábula sobre uma Borboleta e uma Margarida. Tenho muito carinho por este trabalho. Ainda estava "experimentando" cantar! Foi a primeira vez que gravei, e depois disso, passei a me empenhar integralmente ao ofício de cantora!
Em 2008, você se mudou para Nova Yorke, tendo estudado nas escolas Broadway Dance Center, Alvim Ailey e Steps on Broadway. Nessa fase, você estudou canto, balé, sapateado, jazz e teatro musical, e também participou de musicais, como “The Sound of Music” e “Moulin Rouge”, dentre outros. O que você recorda dessa época?
 
Foi um ótimo momento de aprendizado. Tinha muita vontade de assistir aos grandes musicais da Broadway! Assisti a vários e adorei. As aulas eram super puxadas e me sentia bem pequenininha no meio de tanta gente experiente. Aprendi muito.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ainda falando de musicais: aqui no Brasil, você fez “Ópera do Malandro”, “Os Saltimbancos”, “Tropicália” e “Calabar”. Nos Estados Unidos, você fez, por exemplo, “A Noviça Rebelde” e “A Pequena Sereia”. O que te atrai nesse tipo de trabalho? O que eles acrescentam a sua carreira?
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sou apaixonada por musicais! Gosto da experiência de atuar, cantar e dançar num mesmo trabalho, isso é uma oportunidade incrível para o artista. Pretendo participar de outros musicais, em breve. Alguns convites têm surgido desde que voltei ao Brasil.
 
Como você se sentiu em 2011 quando recebestes o prêmio “Brazilian International Press Award” na categoria de “Melhor Cantora”, ao lado de nomes como Marcos Valle e Luiz Fernando Veríssimo?
 
Foi ótimo! Fui indicada pela comissão do Press Awards e ganhei por votação popular. Estava realizando um trabalho com música brasileira em Nova Iorque e ganhei este prêmio. Foi muito gratificante.
Uma coisa muito bacana chama demais a minha atenção no seu último disco. Confesso que é algo que eu adoro mesmo. A atriz da Rede Globo Leticia Sabatella fez uma participação mais do que especial em “Feitio de Oração” (Vadico e Noel Rosa). O que te levou a convidá-la a cantar com você? Como foi esse convite?
 
A Leticia fez realmente uma participação muito linda! Ela é prima de um grande amigo meu de Londrina, e nos conhecemos na época em que eu estava gravando no Rio. A oportunidade de tê-la como convidada especial surgiu de maneira bem natural, com uma visita que ela fez ao estúdio enquanto eu gravava. Ela criou um belo contra-canto e pedi que ela gravasse comigo.
 
O show de lançamento do “Bom e Velho Samba Novo” foi realizado no Teatro Rival do Rio de Janeiro, que teve a direção da maravilhosa Bibi Ferreira. Dá pra explicar com palavras o seu sentimento com uma estreia tão especial? Como foi ser dirigida pela Bibi Ferreira?
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Bibi é um encanto! Minha madrinha querida, minha inspiração! Cada momento ouvindo Bibi me orientar eu tenho gravado na memória e no coração. Me tratou muito bem e me deu dicas excelentes. Já assisti ao show dela umas milhares de vezes e cada vez que assisto, aprendo mais, me inspiro mais. Digo `a ela que quero ser como ela quando crescer!
 
O samba é a nossa expressão mais genuinamente brasileira em termos de música. Todo ano, o Carnaval do Rio de Janeiro recebe milhares de pessoas que acompanham os desfiles das escolas de samba. Só que esse mesmo Carnaval virou uma indústria, onde existem carros alegóricos milionários, muito luxo e glamour. As pessoas se interessam mais em ver a atriz da Globo sambando do que no próprio... Samba. O samba está se perdendo no Carnaval? Como você avalia a recepção do público, nesses aspectos, ao samba?
 
Essa industrialização do samba acontece mesmo, infelizmente. Como em tudo que envolva dinheiro! Mas acredito ainda na valorização do samba como arte, como manifestação popular, como música de qualidade. Este ano tivemos sambas belíssimos no Carnaval. Tive a alegria de desfilar pela Vila Isabel, que foi campeã! O samba enredo da Vila estava incrível, e eu o incluí no meu repertório. Também vejo muitos novos artistas se destacando no meio do samba, regravando clássicos e criando novas composições. Procuro ser otimista e acreditar que estamos num processo de resgate, valorização e re-criação do nosso bom e velho samba.
Já estando de volta ao Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro, seu segundo disco, “O Bom e Velho Samba Novo”, sai pela gravadora Biscoito Fino em 2011. Como foi que esse disco chegou até essa gravadora? Visto que hoje em dia os artistas independentes aumentam cada vez mais...
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O CD foi ouvido por Chico Buarque, de quem sou completamente fã, que gostou do trabalho e me indicou na gravadora. A Biscoito Fino fez a distribuição do disco.
 
O que a levou a colocar o Alceu Maia na produção de “O Bom e Velho Samba Novo”? Como você analisa a participação dele?
 
Convidei Alceu Maia para produzir o CD. Ele fez todos os arranjos, convidou os músicos, me ajudou a escolher o repertório e fez direção musical. Admiro o trabalho dele e queria um CD com esse clima que ele conseguiu dar!
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diferente do seu primeiro disco, esse mais recente não apresenta nenhuma composição sua. Isso significa que você resolveu adotar inteiramente a persona de intérprete? Outra coisa: o repertório deste disco faz (belo) passeio pelo nosso cancioneiro tupiniquim. Tem uma bonita regravação de “Deixe a Menina” (Chico Buarque), tem composição de autores mais contemporâneos, como “Cê Pó Pará” (Ana Costa, Alceu Maia e Fred Camacho), tem uma belíssima letra de Hermínio Bello de Carvalho (Humilhação), dentre outros nomes não menos ilustres. Como foi o processo de seleção até você chegar a essas músicas? Quais critérios você utilizou para formatar esse repertório?
 
Este disco reúne composições de Noel Rosa e Vadico, Chico Buarque, Nelson Rufino e muitos outros compositores contemporâneos. São 8 sambas inéditos e apenas 3 regravações. Foi muito difícil de escolher as músicas, pois recebi várias lindas canções. Assumi mais meu lado de intérprete neste trabalho, porém, tenho novidades para meu próximo trabalho.

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