top of page

 com emissão exemplar num arranjo que remete a um pop-rock gostoso. Guitarra, baixo e bateria e uma voz que casa perfeitamente com esses instrumentos.


Jozi toca violão de nylon em “Esse meu rio” (Jozi Lucka). A percussão de Gustavo Wermellinger destaca-se. Essa canção é uma balada suave cuja letra usa metáforas com a palavra “Rio”: “No Rio não tem contramão, perdi você no Rio, achava que o Rio era você, o Rio é muito mais que Rio”. A letra esperta pega o ouvinte de jeito. Era esse o objetivo, não é Jozi?

“Hermética” (Jozi Lucka e Sani Guerra) começa lenta e vai crescendo para depois  desacelerar, ou seja, mudanças de andamento interessantes. A letra é melancólica: “eu vou pegar o que a gente viveu, cada emoção que faltou, embrulhar numa caixa hermeticamente moldada, esconder lá no fundo bem fundo, e tentar de uma vez esquecer, cada gota de perfume francês, submersa no ciúme”. Newton Couto faz uns solos de guitarra incríveis e marcantes. A letra lembra o estilo de compor da Adriana Calcanhoto. Jozi mostra mais a sua potência vocal, revelando uma voz diferenciada.

“Assim tão só” (Jozi Lucka e Regina Vergaças) tem a melhor letra do disco: “e no corredor de prédios, a lua em vão desfila, linda e sem fim, meu olhar em ziguezague, procura em cada esquina, meu arlequim, que se perdeu do meu pierrot, apaixonado e no meu mundo, não deveria ter entrado, e já passou, por um segundo pensei te ver, estou na lua, será você, outra vez ou não”. A embalagem rock dessa canção contagia o ouvinte. O arranjo tem um ar levemente retrô.

“Natural” (Jozi Lucka e Regina Vergaças) aposta no romantismo da letra: “toda estrada chegará, quero ver a flor do teu querer brotar, quero ver Deus no pôr-do-sol enluarar”. O violão de aço de Newton Couto é fundamental nessa canção. A dicção exemplar valoriza as palavras da letra.

“Palavras em vão” (Jozi Lucka e Sani Guerra) é a melhor faixa desse disco. O arranjo remete a algo com pitadas latinas. A interpretação exagerada caiu perfeitamente. Deve ser uma loucura ao vivo. Não tem como passar indiferente a essa audição.

Em “Fantasia” (Jozi Lucka e Sani Guerra) Alessandro Lamego destaca-se gloriosamente no sax alto e tenor junto com Aquiles Neves de Moraes no trompete. É a faixa mais pop do disco. E isso não é um demérito.

“Ondanil” (Jozi Lucka e Regina Vergaças) flerta com elementos típicos da sonoridade nordestina, muito pela percussão de Gustavo Wermellinger. A letra, de alguma maneira, nos leva ao Nordeste: “na areia beira mar, ouvir o teu canto sereia, vou deixar me levar, na onda anil que prateia, teu olhar mareia, tem cores marinhas que beiram, verdejar varandar, em redes tão tristes que ondeiam”. Aqui, Jozi exercita uma outra faceta como cantora.

“Base lunar” (Jozi Lucka) conta com a presença dos teclados de Newton Couto. E enriquece a canção. Tem um verso que beira o sublime: “o toque, o gozo, a salvação”. Letra, arranjo e vocal fazem conexão direta com o universo particular do cantor e compositor paraibano Zé Ramalho: “hoje sinto o meu coração uma bomba, pronto pra explodir, pronto pra você desativar o fio da detonação, me deixo dominar...”.

“Refúgio” (Jozi Lucka e Sani Guerra) é a canção desse disco que mais se aproxima do universo roqueiro, principalmente pelo arranjo que poderia muito bem ser de uma banda de rock de verdade, não dessas que surgem por aí aos montes. A bateria de Gustavo Wermellinger ganha destaque naturalmente. Jozi solta o “gogó” com tudo, cantando como uma roqueira de verdade.

“Quantum” (Jozi Lucka e Sani Guerra) tem letra que é uma viagem aberta a muitos  significados: “passa uma vida, e outra chave abre a saída do que não tem fim, e a certeza bate de novo, atravesso a construção, a minha própria construção aberta, pronta pro meu salto”. O arranjo econômico: violão aço, baixo e percussão favorecem o clima “zen” da interpretação da Jozi, algo mais calmo, suave. Dá uma sensação boa dentro do ouvinte.

“Boomerangue” (Jozi Lucka e Renato Dauth) é o tipo de canção que dá vontade de cantar junto a plenos pulmões. A identificação com a letra é imediata: “primeiramente venho por meio desta confessar, eu to morrendo de vontade, finjo que acredito, que entre nós tudo acabou, você pintou o seu cabelo, quando passo a noite, no portão da sua casa, pego carona na saudade, hoje é sexta-feira, tanto tempo já passou, até mudei de endereço, quase mudei identidade, dizem que soy loca”. Os efeitos na voz dela são deliciosos.

“Tom sur ton Blues” (Jozi Lucka e Regina Vergaças) comprova um fato interessante: Newton Couto nasceu para a guitarra. Jozi executa um vocal sedutor e íntimo, como se estivesse cantando no pé do nosso ouvido. Uma das letras mais apaixonadas do disco: “tudo o que você quiser e pensar eu dou, clarear de vez esse desejo, apostar no doce do teu beijo, todo azul, blue, se você quiser voar dou meu anjo, protetor do meu amor”. Destaque também para Alessandro Lamego (sax alto/tenor) e Aquiles Neves de Moraes (trompete). Última música declaradamente apaixonada, transpirando emoção.
 

Jozi Lucka - Pra te pegar

Deixe o seu comentário:

Ei, você. Você mesmo. Você aí, na frente do aparelho de som, cansado de cantoras genéricas. Não tá sabendo ainda? A cantora e compositora carioca Jozi Lucka quer te pegar. E de jeito. “Pra te pegar” é o nome do seu disco mais recente, lançado em 2011 e produzido por ela mesma.

 

Jozi brinca com as múltiplas possibilidades que a sua voz oferece. Nas 13 canções desse disco, se permite ser nordestina, exagerada, romântica, passional e quantas “personas” mais forem possíveis. As composições são da própria Jozi, sozinha ou com parceiros. Não satisfeita, ainda toca violão em diversas faixas. O que mostra que realmente o seu trabalho tem uma cara. Cara essa que atende por Jozi Lucka.

Logo na primeira faixa, “Pra te pegar” (Jozi Lucka e Sani Guerra) já sentimos que estamos escutando uma voz limpa, 

bottom of page