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Andreya Vieira - Pra que não Quebre

Ela é cantora, atriz e bailarina. Já fez dois musicais de grande sucesso dirigidos pelo Wolf Maya.  Integrou a banda do Faustão e agora lança um disco que chama de sua verdadeira estreia fonográfica (já gravou outros): “Pra que não quebre”. Andreya vieira veio para ficar.

“Quando você me ouvir cantar, venha não creia, eu não corro perigo”. As duas primeiras frases de “Como dois e dois” (Caetano Veloso) já avisam que ouviremos uma intérprete segura, ciente de suas escolhas, cantando com a firmeza das grandes cantoras. A voz aveludada, gostosa de escutar, é acompanhada na espreita pelos arranjos de muito bom gosto, que evocam certa ambiência jazzy. Atenção para o vocal ao final dessa faixa: impossível ficar indiferente.

Cantando de mansinho, como se estivesse pedindo algo, Andreya transforma “Febre” (Zeca Baleiro e Lúcia Santos) num momento mais calmo, lento e sutil. É de lagrimar escutá-la cantando: “me guarde louça pra que eu não quebre”.

A próxima faixa, “Com mais de 30” (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle), começa de um jeito e inesperadamente vira um samba (atenção especial para a vontade instantânea de dançar), virando quase uma gafieira. A mudança de andamento de um ritmo para o outro, acaba mostrando uma intérprete que canta com naturalidade.

“Mensagem de amor” (Herbert Vianna) é transformada numa espécie de canção de ninar. Aqui o ritmo é suave. Dá vontade de fechar os olhos e imaginar a Andreya cantando no pé do nosso ouvido.  Poderia até estar numa coletânea lounge.

“Só o amor constrói” é música com mensagem forte. Mesmo assim, parece que ela escolheu cantá-la com um sorriso nos lábios.  Também é muito interessante comparar o amor com faturas, multas e data de vencimento. Kléber Albuquerque, o compositor, faz uso de metáforas para traçar analogias sobre o amor.

“Eu preciso de você” (Márcio Greiyck e Cobel) é recheada de violinos bem colocados. É uma música que cresce junto com a voz dela. Facilmente estaria numa trilha sonora de novela. Tem cara de hit, mas aquele sucesso que não tem vergonha de ser um sucesso. Entendem? É a melhor faixa do disco.

“Por um triz” (Kléber Albuquerque) tem um andamento diferente, dando a impressão de que é marcada pelas batidas (os efeitos ajudam bastante, tipo o do sitar indiano). É uma das faixas que mais grudam na cabeça.

“Menino bonito” é um lado b da Rita Lee. Comprova mais uma tese sobre o disco: quem o escuta, o faz sorrindo. Tem um teclado bem encaixado no arranjo que é um charme.

“Eu não existo sem você” (Tom Jobim e Vinícius de Moraes) é uma bossa nova clássica. O arranjo nos transporta para outra época. O ouvinte prova na língua uma nostalgia gostosa, vinda de uma época onde a música não era produto. Era arte.

“Que será” (Mário Rossi e Marino Pinto) é do tipo "vamos cantar juntos". O começo da letra remete alguns dos bons momentos do começo da carreira da Ana Carolina. É gostosinha.

Fechando o disco, “Tô” (Tom Zé e Elton Medeiros).  É um encerramento que mostra a personalidade da cantora. Notem como ela parece feliz cantando-a. No final dessa, lembramos imediatamente do Havaí. O arranjo “prega” na cabeça.

O repertório desse disco é eclético. Compositores de diversas épocas, de estilos diferentes e personalidades distintas. Andreya poderia ter caído na vala das que atiram para todo o lado. Só que ela é esperta, pinça músicas que mesmo não combinando (aparentemente) umas com as outras, seguem a linha coesa de suas escolhas artísticas. É uma bonita primeira impressão de uma artista em franca evolução. Que venham mais discos dela. O Brasil precisa, o público pede e Jesus agradece.

Escute o CD aqui: 

1º Como dois e dois



2º Febre



3º Com mais de 30



4º Mensagem de amor



5º Só o amor constrói



6º Eu preciso de você



7º Por um triz



8º Menino bonito



9º Eu não existo sem você



10º Que será



11º Tô



 



 

 

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