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Fernanda Takai
Quarto disco de carreira solo iniciada em 2007, "Na Medida do Impossível", produzido e arranjado pelo parceiro de trabalho e de vida, John Ulhoa, é a mais nova empreitada de Fernanda Takai. Aportando no mercado pela gravadora Deck Disc, a artista apresenta 13 faixas, todas escolhidas de maneira personalíssima, e que ganham unidade em seu registro vocal doce e suave, conhecido há tempos pelo público, que a acompanha desde 1993, onde junto com o Pato Fu, debutou com "Rotomusic de Liquidificapum".
Livre, leve e solta, Fernanda está à vontade para se mostrar por inteira em disco extremamente pessoal e plural. Junto a ela, Pitty comparece dividindo letra, Zélia Duncan e Samuel Rosa surgem nos vocais, canção religiosa e da Jovem Guarda convivem lado a lado. É Fernanda Takai por Fernanda Takai. E para falar sobre esse atual momento da carreira, a interprete respondeu as perguntas do "Ofício de Cantora", confira:
Com disco novo na bagagem, a vontade é de explorá-lo ao máximo, levando a todos os cantos possíveis, portanto, por qual motivo é tão difícil sair do eixo Rio-SP com um show e chegar a outras regiões? O que atrapalha esse processo?
A logística. O preço de transporte, hospedagem, aluguel de espaços, som & luz... Muita gente se esquece de que não basta só querer fazer um show em determinado local. Há muitas variáveis desde um produtor da cidade, apoio de meios de comunicação, patrocínio, data favorável...
Nossa pergunta clássica: “cantora sem fã gay a carreira não decola”, procede?
Qualquer artista sem fãs não seria nada. Eu não contabilizo quem é ou não gay. Gosto das pessoas, seres humanos com toda a sua história de vida. Se a música nos aproximou é porque existe uma verdade e sintonia entre nós.
No último dia 30 de abril, você realizou pocket show em Curitiba divulgando o novo disco. O público lotou a Livraria Cultura, além da ótima receptividade ao trabalho novo. Como é ter esse feedback com um trabalho que acabou de sair do forno?
Uma alegria imensa. Bom sinal pra gente voltar com o show completo!
O que você acha da polêmica sobre a sua regravação de “Amar Como Jesus Amou”? Em se tratando de disco, falem bem, falem mal, mas falem de mim? Nesse aspecto, o burburinho vale a pena?
Não gravei a canção com intenção de polemizar a qualquer custo. Foi uma escolha emocional e eu a defendo com leveza. Não deixaria nunca de registrar uma faixa por medo do que as pessoas possam pensar e também não colocaria algo que não me representasse em minha história musical.
Em outubro de 2012, você foi eleita a 51º maior voz na lista das “100 Maiores Vozes do Brasil” da Rolling Stone. Como foi receber esse título?
Entre tantas vozes de todas as épocas, fiquei feliz por ter sido lembrada nessa lista. Os estilos são tão diversos que posso imaginar a dificuldade para definir quem entra, quem sai...
Você nasceu na “Serra do Navio” (Amapá), perto do Estado do Pará. O último número de “Luz Negra – Ao Vivo” é um clássico paraense, “Sinhá Pureza”. E ainda participastes do disco da Gaby Amarantos, “Treme”, dividindo os vocais na faixa “Pimenta com Sal”. Qual a tua relação com o norte do país? O que te chama à atenção na música dessa região?
Saí da Serra do Navio ainda muito pequena, nem tinha completado dois anos. Fui morar na Bahia antes de me fixar em Minas. Gosto muito da culinária do norte e os artistas com os quais tive contato tem uma alegria e energia em sua música que é muito empolgante.
Em entrevista a Rolling Stone, Carlinhos Brown afirmou que o povo brasileiro é muito segregacionista: Pitty não pode cantar nada que não seja rock e Ivete não pode cantar nada que não seja axé. Sendo assim, achas que o “Na Medida do Impossível” colabora pra uma quebra na segregação musical?
Foi a minha tentativa pessoal contra qualquer ideia pré-estabelecida na arte. Aliás, na vida. A gente precisa saber ouvir, estender a mão, encontrar pontos em comum e não conflitar sem mesmo conhecer direito.
11 discos e cinco DVDs com o Pato Fu, três discos solo e um DVD: qual a diferença do “Na Medida do Impossível” depois de tudo isso? O que ele representa na sua discografia?
É um disco que eu tinha que fazer. Um trabalho solo como intérprete, mas também autoral. Quase como uma declaração de "eu posso fazer isso e também ter uma banda".
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