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FAIXA A FAIXA
ARTISTA: VALÉRIA LOBÃO
DISCO: CHAMADA


“Produzir essa obra não foi trabalho para os fracos de espírito ou do coração. Jornada longa, de descobertas e prazeres, que me fez admirar a cada momento, e cada vez mais, a cantora que aqui apresento. Com vocês, pra meu orgulho, Valéria Lobão”, assim o compositor, produtor e pianista Carlos Fuchs apresenta essa cantora carioca no encarte de seu disco de estreia, “Chamada”, produzido por ele e lançado em julho de 2011 pelo selo “Tenda da Raposa”.

Artista de voz imagética e mulher paciente, Valéria obedeceu ao seu próprio relógio para fazer um disco aos seus próprios moldes. Durante dois anos, pesquisou canções, muitas, diversas. Os números surpreendem: mais de 200 músicas escutadas, logo depois condensadas nesse álbum que estamos falando por aqui. Com seu primeiro disco gravado, Valéria vence o “Prêmio Funarte 2010” (disputou com mais de 800 projetos), fato que lhe permitiu investir num belo projeto gráfico feito por Flávio Mendes. Com ventos sonoros soprando a seu favor, Valéria teve um reforço de peso para fazer um lançamento à altura pro seu debute: o “Edital BNDES 2011”. Além de tudo isso, pra fechar o ciclo e recompensar todo o esforço, “Chamada” foi pré-selecionado ao “Grammy Latino 2012”.



Mesmo enfatizando compositores cariocas contemporâneos, Valéria cria uma ponte sonora entre passado e futuro, conectando gerações. Basta uma olhadela no encarte do disco para confirmar isso: “Jongo de vovó” é assinada por Zé Paulo Becker e Paulo César Pinheiro. “Oração perdida” (com participação de Marcos Sacramento) tem paternidade tripla: Luiz Flávio Alcofra, Jayme Vignoli e Aldir Blanc. Mais ingredientes engrossam sua salada sonora: o resgate de “Uma canção pra ela” (Rodrigo Maranhão), dedicada a sua filha, “Ritual profano” (Antonio Saraiva) foi feita exclusivamente para esse disco e conta com a participação de Pedro Luis e a Parede, a faixa título, “Chamada” (Raphael Gemal e Ricardo Szpilman), recebeu os colegas do grupo vocal do qual Valéria também fez parte por muitos anos: “Equale”. Gilson Peranzzetta colocou seu piano luxuoso em “Vivência” (Gilson Peranzzetta, Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro).  Se depois de tudo isso você me disser que ela não é uma cantora interessante, mando-a cantar para você pessoalmente.


A seguir, saio de cena. Mas deixo-os com uma ótima anfitriã: Valéria Lobão. Sim, ela mesma, em pessoa, através de relato pessoal, detalhado e sensível de todas as canções do seu disco de estreia, desnudando histórias, a revelar causos, esmiuçando arranjos, reconhecendo a importância dos músicos, explicando em primeira mão esse seu primeiro filho. Ao que tudo indica, muitos outros virão por aí. É acompanhá-la agora, confira:


 

FUBÁ (Raphael Gemal / Isaac Chueke)
Fubá é um soco na boca do estômago e, por isso, o escolhi para abrir o CD. O arranjo de Jayme Vignoli, que reúne 20 músicos,sendo 17 sopros, cria uma atmosfera dramática para o samba de Raphael Gemal e Isaac Chueke.



CHAMADA (Raphael Gemal / Ricardo Szpilman)
Conheci a música CHAMADA na década de 90, quando eu e o compositor Raphael Gemal cantávamos num maravilhoso Grupo Vocal.


Quando resolvi gravar o cd, foi uma das primeiras a entrar pra lista. Então, pra fazer o arranjo, convidei o André Protasio, diretor do nosso Grupo Vocal, e para participação especial na faixa, claro, chamei o GRUPO VOCAL EQUALE.



VIVÊNCIA (Gilson Peranzzetta / Dori Caymmi / Paulo César Pinheiro)
Essa música ficou mundialmente conhecida na voz de Sarah Vaughan, sob o título Obsession (LP Brazilian Romance-1987), com letra em inglês. 23 anos depois a composição recebeu letra inédita, especialmente encomendada à Paulo Cesar Pinheiro para o CD CHAMADA, e o novo título VIVÊNCIA.


O arranjo é do fabuloso Gilson Peranzzetta, que faz participação especial ao piano.


ROMA (Lili Araujo / Alegre Corrêa)
A jovem Lili Araújo descreve poeticamente um passeio pelas ruelas de uma ROMA alaranjada e o arranjo de Carlos Fuchs completa essa viagem de uma forma misteriosa e inusitada, através do de um trio de piano, baixo e acordeon.


 

UM SAMBA (Carlos Fuchs / Marcos Sacramento)
Depois de gravada por Marcos Sacramento nos CDs Fossa Nova e Na cabeça, UM SAMBA recebe um belíssimo arranjo de Jayme Vignoli, que transita com muita elegância e sofisticação pela linguagem do samba.


TARDE (Milton Nascimento / Márcio Borges)
Mesmo já tendo gravado a música TARDE no CD Um gosto de sol, do Grupo Vocal Equale, do qual fui integrante por muitos anos, eu, que sou apaixonada desde a adolescência pelo carioca da Tijuca - Milton  Nascimento, não podia deixar de gravar novamente esse clássico da música brasileira. Tarde recebe arranjo orquestral de Flávio Mendes, que foi meu companheiro no Grupo Vocal Equale.

NOITE (Paulo Baiano / Marcos Sacramento)
NOITE já nasceu um clássico. Essa pérola inédita ganhou um arranjo de Carlos Fuchs, que nos transporta diretamente para um enfumaçado Jazz Club Novaiorquino.



RODA BAIANA (Zé Paulo Becker / Tiago Torres da Silva)
A parceria além-mar de Zé Paulo Becker e Tiago Torres da Silva ganha arranjo de Eduardo Neves, que subverte o original bolero em uma nervosa versão jazzística, com direito à um espetacular improviso de saxofone do próprio Eduardo.


UMA CANÇÃO PRA ELA (Rodrigo Maranhão)
Em 2005, precisei fazer repouso absoluto por intermináveis 3 meses, pra que minha filha pudesse vir ao mundo. Naquele período, fiquei pensando como seria “virar mãe”. Então, quis deixar um presente pra minha filha. Uma espécie de herança. Queria que ela soubesse da paixão que a mãe tinha pela música. Ali, naquela cama, nasceu o disco. E, ao ouvir Uma canção pra ela, música inédita do Rodrigo Maranhão,, que encontrei perdida numa fita cassete, percebi que ela era a síntese poética de toda essa história.  E para gravar e fazer o arranjo só poderia ser uma pessoa. Meu companheiro de vida e de sonhos,  pai dos meus filhos, meu Produtor Musical, e aquele que aturou todas as minhas neuroses durante o período de produção desse disco – Carlos Fuchs.


 

ORAÇÃO PERDIDA (Jayme Vignoli / Luiz Flávio Alcofra / Aldir Blanc)
“O amor é meu pastor. Tudo me faltará.” Esses versos de ORAÇÃO PERDIDA, parceria de Aldir Blanc com os jovens compositores Luiz Flavio Alcofra e Jayme Vignoli, me arrebataram. Uma preciosidade inédita que teve participação especialíssima de um dos maiores cantores brasileiros -  Marcos Sacramento.



JONGO DE VOVÓ (Zé Paulo Becker / Paulo César Pinheiro)
Foi num sarau na minha casa, que ouvi pela primeira vez a inédita JONGO DE VOVÓ. Um belo encontro entre duas gerações de compositores Ela me remeteu à minha infância, quando os meus pais frequentavam um terreiro num subúrbio do Rio, onde muitas vezes eu ficava fascinada pelo toque dos tambores e pelas danças.



RITUAL PROFANO (Antonio Saraiva)
Essa música foi feita especialmente para o disco pelo querido Antonio Saraiva, a partir de uma deliciosa conversa na cozinha da minha casa. Eu queria um 

batuque e já pensava em chamar o Pedro Luis e A Parede pra uma participação no disco. Quando o Saraiva apareceu com a música eu fiquei louca! Ele gravou voz e piano pra mostrar a canção e a partir do piano dele que todo o arranjo da música foi concebido. E foi perfeito, pois ele é parceiro do Pedro Luis e de toda a turma da Parede. Já fizeram muita coisa juntos. Essa foi sob medida.

LA DOLCE VITA – A SAIDEIRA! (Paulo Baiano / Antonio Saraiva)

Eu já tinha fechado o repertório do CD quando ouvi La Dolce Vita – A Saideira! Foi amor à primeira vista. Naquele momento, eu já sabia que a canção fecharia o CD. E que belíssimo arranjo de cores gaúchas ela ganhou, do baixista Guto Wirtti.

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