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FAIXA A FAIXA
ARTISTA: CECILIA BERNARDES
DISCO: CARTA
 
Artista pronta, a cantora e compositora paulista Cecilia Bernardes representa agradável vento fresco no mar turbulento da música impopular brasileira. Dona de canto seguro com beleza sutil que capta com exatidão as palavras, Cecilia realmente tem algo a dizer e, principalmente, para acrescentar aos ouvintes.
 
No dia primeiro de março de 2013 Cecilia deu a luz seu primeiro filho fonográfico, "Carta". Uma pausa para voltarmos no tempo antes de conhecermos melhor o trabalho da moça: Luciano Garcez e Natalia Mallo.
O primeiro, amigo de vida e parceiro de jornada musical: juntos compuseram três faixas que entraram neste disco: "Pop Me", "Ave Maria" e "Santo Ceio" (contando com o poema "Ceia Estelar", feito e declamado por ele). A segunda, Cecilia conheceu o trabalho através do Myspace, daí passaram pro campo da amizade e juntas, começaram em 2009 a gravação deste primeiro disco de Cecilia. Sendo assim, poderia correr o risco de patinar no clichê, mas admito: o álbum tem a beleza reforçada pela união entre amigos.
 
Corajosa e ciente da necessidade de dar a cara a tapa, Cecilia apresenta 11 canções neste debute, cinco feitas solitariamente, três em parceria com Luciano Garcez (que fez sozinho "Ondas" também) e uma como co-autora. Fechando o repertório, uma pequena grande pérola do nosso cancioneiro, "Truques com Facas" (Mauricio Pereira), caso raro de canção simples que faz o peito arfar e o ouvinte suspirar (com o perdão da rima involuntária).
 
Dois fatos podem provar como a mão do destino agiu em prol da música de Cecilia: as participações especiais de uma turma antenada formada por André Abujamra (arranjo de base na já citada "Santo Ceio"), Sérgio Bártolo (arranjo de base nas faixas "De Novo Nova", que vai ganhar clipe com direção de Marco Maia e "Me Nina"), as cantoras Ilana Volcov e Vanessa Bumagny, dentre outros nomes não menos tarimbados.
 
No faixa a faixa a seguir, Cecilia explica canção por canção de sua estreia , falando da amizade com Natalia Mallo, aulas de poesia, homenagem aos compositores, música influenciada por "Baby" de Caetano veloso, trumpete de Claudio Faria, homenagem a Jorge Mautner, ponto de Iemanjá, admiração pela cantora e compositora mineira Déa Trancoso, o motivo de "Truques com Facas" ser uma de suas preferidas neste disco, oração ecumênica e canção de ninar. Confira:
CARTA (Natalia Mallo e Cecilia Bernardes)
 
Carta é a canção que inicia o disco. Ela anuncia um pouco a atmosfera onírica e “visual” do que está por vir. Eu já tinha a letra, como um texto, e no meio do processo de gravação com a Natalia Mallo, que produziu o CD quase todo, eu fiquei com muita vontade de colocar uma música dela, que é uma cantora e uma compositora excepcional. A partir daí acabou rolando a parceria. Mostrei o texto, transformei em letra e ela fez a melodia linda da primeira parte. O sonho da segunda parte fomos cantando juntas e ficou como ficou. Sou super fã desta canção. É a nossa “canção-carta-sonho”. 
 
CASTELO (Cecilia Bernardes)
 
A letra de “Castelo” surgiu quando eu estava estudando poesia e música com o Luciano Garcez. Estávamos ouvindo e falando da música medieval, do trovadorismo. Aí me veio este poema, como uma Cantiga de Amigo de hoje, uma mulher na torre chorando a ausência de seu “amigo/amor”, um amor totalmente idealizado. Construindo “castelos” no ar. Tem a participação do Mauricio Pereira, que sacou tudo e fez um  sax soprano de notas muito longas, aumentando ainda mais as distâncias, e a Ilana Volcov fez uns vocais etéreos e assimétricos, lindos.
 
OFERENDA (Cecilia Bernardes)
 
Oferenda é um samba circular sobre a “profissão-de fé” do intérprete, e homenageia os compositores. Escrevi para meu amigo, professor e parceiro em três canções deste CD, Luciano Garcez. No arranjo,  a Natália toca um set improvável de percussão, onde entraram objetos e instrumentos de todo tipo, desde o saco plástico até uma saladeira de inox ; Gustavo Ruiz faz o violão 7 cordas e Danilo Penteado toca cavaquinho. Aí chamei os amigos Vanessa Bumagny, Marcos Bowie, Ilana Volcov e Marko Concá pra compor o coro – luxuosíssimo! – para me ajudar a puxar as voltas do cordão. 
 
 
 
POP ME (Cecilia Bernardes e Luciano Garcez)
 
Minha primeira parceria com Luciano Garcez foi Pop me. Eu cantava na banda dele e ia frequentemente ensaiar na sua casa. Um dia, sobre a mesa, entre milhares de papéis (ele escreve sem parar!), peguei a letra, ágil e cheia de imagens, irônica e afetuosa – que me lembrou Caetano, e na verdade foi inspirada por “Baby”, dele  –  e me apaixonei na hora. Imediatamente, o Luciano me pediu pra fazer a música. Foi um desafio, pois eu não me considerava compositora. A ideia era ser “pop”,  e ficou assim, com jeitão de música de acampamento... O arranjo não tem segredo : voz, violão, refrão, e, então, bateria (de Mariá Portugal) e baixo, vocais 

(Marcos Bowie) e pra arrematar e reforçar o clima de “em volta da fogueira”, a gaita certeira e pop de meu querido amigo Vitor Lopes. A Natalia tocou violão e baixo.

 
DE NOVO NOVA (CECILIA BERNARDES)
 
A canção mais antiga do CD é De novo nova. Compus em 2001, acho. Acho que é a mais “pop” do disco. Quem concebeu e produziu o arranjo de base e fez aquele baixo incrível foi o Serginho Bártolo, do Karnak e do Funk como Le Gusta. E nessa faixa divido os vocais com o Marcos Bowie – também do Karnak, que eu adoro – ele canta muito, sou grande fã! Completam a “cozinha” o Emerson Villani na guitarra e Mariá Portugal na batera. Cereja do bolo: trumpete do Claudio Faria. Essa tem suingue!
 
AVE MARIA (Cecilia Bernardes e Luciano Garcez)
 
Em “Ave Maria” musiquei mais um poema do Luciano Garcez, que homenageia e cita o grande Jorge Mautner. O fluxo de imagens ganhou fluidez com o arranjo inspirado na morna cabo-verdiana, concebido e produzido pela Natalia Mallo.  Gustavo Ruiz tocou violão 7 cordas, viola caipira e cavaco e os vocais são da Ilana Volcov e da Natália.
 
ONDAS (Luciano Garcez)
 
Ondas é um ponto de Iemanjá do Luciano Garcez. Já cantava esta música na banda dele, e sempre me emocionou muito. O arranjo de base só tem baixo e percussão. Para a introdução o Rogerio Botter Maio faz um baixo com arco, reverente, que vai lá nas profundezas... e o Eduardo Contrera toca a percussão com precisão inacreditável. O bandolim de Danilo Penteado faz um intermezzo, e fica até o fim. Os vocais tem o Bowie novamente, junto com o Danilo. É uma canção que sobrepõe reverências e referências ao mar e ao feminino.  Me sinto muito honrada por cantar esta música. 
PASSARINHOS (CECILIA BERNARDES)
 
Passarinhos compus inspirada por duas canções de domínio público gravadas pela maravilhosa Déa Trancoso, de Minas, Passarinho Pintadinho e Benzinho Veloso. Era pra ser só uma vinheta, curtinha, meio incidental. Mas enquanto eu estava mostrando pra Natalia, ela já foi tocando e gravando, para fazermos uma guia, e ficou tão bom que nem mexemos mais no violão dela,  nem na estrutura, que tem várias repetições em círculo. Depois, a Ilana Volcov veio ao estúdio e fez essa belezura de “passarinho”,  que ficou quase um dueto depois que a Natalia editou. 
TRUQUES COM FACAS (Mauricio Pereira)
 
Sou muito fã do Mauricio Pereira. Truques com facas é a primeira música que canto dele. Com certeza repetirei a dose muitas vezes ainda. A Natalia fez o arranjo de violão e tocou, e o Ramiro Murillo escreveu as belas e melancólicas linhas para violoncelo e oboé. É uma das minhas preferidas do CD.
 
SANTO SEIO (Cecilia Bernardes e Luciano Garcez)
 
Outra parceria com Garcez, letra dele, música minha. Santo Seio é uma oração ecumênica, e por este caráter místico e multi-cultural da canção, chamei o querido André Abujamra para produzir. Inicialmente, ele fez um arranjo grandioso e cheio de elementos eletrônicos. Mais para frente, quando o CD foi se configurando predominantemente acústico, ele me presenteou com esta versão delicada e lírica. Aqui ele faz de tudo:  produz, arranja, toca teclado, violão e faz as programações. No final, meio que subliminarmente, Luciano declama a oração-poema, irmã de sua letra, Ceia Estelar.
 
ME NINA (Cecilia Bernardes)
 
O CD termina com uma canção de ninar. Em Me nina, o Serginho Bártolo tece uma malha ressoante de contrabaixos circulares, cheios de efeitos e bem doce. Ele produziu toda a faixa, que fecha o CD reafirmando o clima de sonho neste universo interior e íntimo, que permeia todas as canções de “Carta”.

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