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Maga Lieri - Maga Lieri

O primeiro disco de um artista pode gerar várias coisas. Sucesso efêmero, um hit aqui e outro ali, aparições esporádicas na TV e algum reconhecimento. Pode gerar também interesse, fomentar curiosidade nos futuros ouvintes, dar pistas de quem é esse artista (a), indicar um caminho longevo na música e garantir o cantor (a) na indústria fonográfica.



Aqui, vamos relembrar o primeiro disco de uma artista previamente selecionada. Uma oportunidade para refrescar a memória e resgatar um disco que você tem, mas está guardado. Um disco que você sabe que existe, mas, acompanhando a carreira de uma determinada cantora, foi se apegando a outros discos, deixando esse primeiro um pouco de lado.



Se você não sabe quem é Maga Lieri, se você nunca viu uma foto dela, quando você escuta-la cantando vai pensar: “cantora negra, influenciada por soul, funk e ritmos negros”. O primeiro disco, “Maga Lieri”, foi lançado em 2006. Convido-te para lembrarmo-nos dele juntos, topa?

Tira o sono (Maga Lieri): a voz logo lembra cantoras negras.  A letra começa como uma crônica urbana. Nela, Maga também canta que está apaixonada e da pior maneira, chamando atenção para uma frase sincera de uma música alto astral.



Tua canção (Tony Babalu e Maga Lieri): parece que vai explodir, mas desacelera (parece que isso acontece de propósito), como se o arranjo levasse o ouvinte a acreditar numa coisa que nunca vai acontecer.  É uma música para cantar junto. O arranjo é meio roqueiro e psicodélico. Tem um final marcante. É daquelas músicas que te pega e não te solta mais.




Sotaque soul (Maga Lieri): dá vontade de namorar, beijar na boca, curtir e abraçar quem amamos. É uma música mais lenta: seduz e envolve quem a escuta. É como se a Maga estivesse cantando no pé do ouvido. Seduzindo-te, convidando.  Tem um solo de guitarra que combina com a letra, com a interpretação e a voz da cantora.  Também lembra a música negra americana com influência nítida da soul music.

Cadê (Marcelo Tai e Maga Lieri): essa faixa começa com uma mudança de andamento: primeiro é cantada de maneira bem lenta, vira meio que um coral gospel (Marisa Marzan, a backing vocal, ajuda bastante e se sai bem), dá uma acelerada e ainda tem uma pitada de samba. O arranjo acompanha, persegue e corre com a voz da Maga. Essa composição tem uma das melhores letras do disco.




Pedaços de estrela (Jefferson Caetano): composição que lembra o estilo Maga Lieri de compor. A backing vocal entra sempre bem colocada (o que é muito bom). É uma música serena, para dançar agarrado com quem se ama.




 

Sexo de ouro (Jair Caminha e Maga Lieri): lembra Sandra de Sá. A letra é simples, direta e bem objetiva. Um dos versos diz assim: “te transar o dia inteiro”. Maga canta essa parte de uma maneira muito bonita. Uma observação: se ela segurasse mais um pouco as notas nessa canção, ficaria ainda mais parecido com a Sandra de Sá. No final, ela canta: “isso não é amor, é só papo e sexo”. Bacana uma mulher cantar isso. Assumir sem vergonha essa posição que os homens acham que só eles podem ter. Mais bacana ainda é uma mulher com alma negra cantar isso de uma maneira tão quente.



De repente nunca mais (Maga Lieri): os teclados no começo dessa música já chamam a atenção. A letra fala de uma pessoa machucada depois do fim de um relacionamento, como Maga dá a entender quando canta que “beijo morno e o nunca mais”. Depreende-se que esse relacionamento foi se desgastando até acabar de vez.

 

Meus sinais (Marcelo Tai e Maga Lieri): Maga e a backing vocal meio que duelam na voz, tornando essa faixa mais interessante ainda de se escutar. É Black music total (influências, estilo, etc). Mesmo assim, o refrão poderia estar numa música de rock. O ritmo muda rápido. No conjunto letra, arranjo e voz, é uma das melhores desse disco.


Faz tempo (Maga Lieri)
: mostra um “querer” na letra, de homem e mulher, diferente. É uma música que agrega vários estilos, todos bem representados no caldeirão musical da Maga. Lembra muito os bons momentos da cantora Paula Lima. A risada no final deixa a faixa melhor ainda, somando a essa música.

Cidade quente (Marcelo Tai, Edu Schultz, Marcelo Silva e Maga Lieri): o balanço negro (Maga bebe muito nessa fonte) é marca registrada. A provocação nos versos é deliciosa: “é claro, eu não quero você fácil, a decisão é sua e eu adoro essa dúvida”. Ou então: “vou com todo o meu swing no vai e vem do seu olhar”. É uma letra inspirada, com efeito provocante: “a cidade é quente, olha o mar...”.




Só por essa noite (Jair Caminha e Maga Lieri):

Começa só com voz e violão. A letra é um convite para largar tudo e ser feliz. Você pode comprovar isso e me dizer depois que escutá-la. O arranjo econômico privilegia e fortalece a mensagem da letra. É uma música singela, sutil e bonita (não é fácil extrair beleza da sutileza). Fecha o disco “parando” a cabeça do ouvinte. A melodia gruda na cabeça de quem ouve e isso é isso muito bom. Garanto a você.

Chega a ser uma tarefa ingrata uma cantora ter que se mostrar, dizer a que veio no primeiro disco. São características que talvez não caibam em apenas um trabalho. Quem dirá no primeiro da carreira. Maga Lieri consegue deixar pistas sobre quem de verdade ela é como cantora, os motivos pelo qual canta, suas influências, estilo próprio de compor, enfim, o que ela é de verdade.  Nessa mistura, as influências da música negra são bem fortes. Por fim, Maga Lieri é uma mulher branca, que quando canta, o faz com a integridade das grandes cantoras negras brasileiras.



Leia a coluna "Faixa a Faixa" com Maga Lieri clicando aqui

Escute o CD aqui:

1º Tira o sono

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2º Tua canção​

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3º Sotaque soul​

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4º Cadê​

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5º Pedaços de estrela​

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6º Sexo de ouro​

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7º De repente nunca mais

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8º Meus Sinais​

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9º Faz tempo​

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10º Cidade quente​

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11º Só por essa noite

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