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Bluebell - Slow Motion Ballet

O nome dela é Isabel Garcia. A favor da arte, Bluebell (hoje em dia ela assina Blubell). As composições levam a assinatura Bel Garcia.  Cantora, compositora e guitarrista. Estudou canto popular na Universidade Livre de Música em São Paulo. O motivo de ela estar aqui agora? Para relembrarmos o seu primeiro disco: “Slow Motion Ballet”, lançado em 2007 pela “Super Reds”.

Primeiro disco lançado, e agora? A própria Bluebell o considera um “test-drive”, e que o seu segundo disco, “Eu sou do tempo em que a gente se telefonava”, na verdade é que é o seu primeiro filho. Independente disso, essa estreia dela já mostrava uma cantora que anda por caminhos pouco explorados, extraindo da música algo entre o moderno copulando com o passado, gerando a cara da própria Bluebell.

Envolta num arranjo roqueiro, “Ordinary life” (Bel Garcia) já começa sem firulas, indo direto ao ponto. Destaque para os solos de guitarra bem colocados e que não abafam a voz da cantora. Talvez pela fluência no inglês, Bluebell não soe como uma cantora brasileira, sendo assim, as letras em inglês dão um charme a mais, como se fosse um apetrecho usado para dar mais sentido ainda as suas composições, tornando-as diferentes. O final sussurrado é bem malicioso, desperta a imaginação...



“Dull Routine” (Bel Garcia e Henry Oh) tem um começo que lembra Beatles. Nessa canção parece que a voz dela guia o arranjo. É levemente psicodélica. Do nada o arranjo fica “sujo” e sombrio. Depois tudo volta a ficar solar. Transita em vários estilos, tem um arranjo louco, mudanças de andamento e vocais falados. Quando você pensar em rótulos musicais preguiçosos criados por jornalistas mais preguiçosos ainda, escute esse som.



Parece canção de ninar? Parece. “The fight in the café” (Bel Garcia) também começa bem lenta e gostosinha.  O refrão fica um pouquinho mais rápido e com partes faladas (Bluebell parece gostar de usar esse recurso).  É uma música para fazer amor com o seu amor (perdoem esse trocadilho infame) e também para lembrar-se da pessoa amada.



“I could have been” (Bel Garcia) tem barulhos estranhos, dando um clima diferente e curioso. Mas tudo isso funciona. É uma canção suave.  São impossíveis os sons de uma máquina de escrever passarem despercebidos.




“Bolas de sabão” (Bel Garcia) tem uma letra que faz passar nitidamente na cabeça de quem a escuta a situação descrita, como quando ela diz assim: “pra espantar a solidão, faça bolas de sabão, se estiver na multidão, não volte os olhos para o chão”.  Além disso, é o momento do disco onde no show o público acende um isqueiro, ou algo que faça luz e só sente a vibração. Se o ouvinte estiver em casa, é só abrir a janela em noite de céu estrelado e imaginar, imaginar... Bluebell já apresentou uma solução para mandar embora a solidão (rimou), vamos tentar?



“Translation” (Bel Garcia) já começa bem delicada. A audição dessa faixa nos faz imaginarmos que existe só o ouvinte e a cantora. E nada mais. Tem uma beleza diferente, sem emoções plastificadas de cantoras robôs que mandam o público tirar o pé do chão...



Parece jazz, mas não é. “It’s out there” (Bel Garcia) poderia ser enquadrada em vários estilos, mas é uma canção da cantora que aqui estamos falando. Essa música cresce, vira um rock acelerado e rápido com um vocal desesperado. O arranjo cresce junto com a voz. E a essa altura o ouvinte já está eufórico.

Quer fazer uma roda de violão com os amigos? Sugiro “What’s on?’(Bel Garcia). Também parece música de trilha-sonora de filme “jovem com conteúdo”. Ela canta baixinho, sem pressa nenhuma...



Já citamos Beatles aqui, lembra? Agora é a vez da regravação da Bluebell para “Junk” (Paul McCartney) numa roupagem Folk, que não deixa de parecer com coisas havaianas. Dá uma melancolia, uma tristeza, ou seja, uma boa opção para canalizar algo (artístico) que você quer faz tempo, porém, falta inspiração.



 

Apesar do título em língua inglesa, “Pack and go” (Bel Garcia) tem letra em português.  Muito interessante por sinal: “dirige à noite com o farol apagado, a sorte está do seu lado, ela me disse que de hoje não passa, e pediu mais uma taça”. É uma faixa para relaxar, descontrair e desanuviar.

“Who’s the freak” (Bel Garcia e Henry Oh) mostra a naturalidade e o conforto com que Bluebell canta em inglês.  A mudança brusca de andamento lembra os bons momentos da cantora canadense Alanis Morissette na década de 90. Notem como é curiosa a facilidade da cantora para cantar de um jeito e depois de outro. E na mesma música. Dá para recordar com um gosto de saudosismo nos ouvidos dos vocais femininos de grandes roqueiras americanas de outras décadas. Tem um final bem suave.



“End of the line” (Bel Garcia e Henry Oh) tem uma letra quilométrica envolta num arranjo discreto, mas marcante. Aqui o canto dela é bem devagar, envolvendo o ouvinte na certeza de que todos estão no mesmo barco. Dá uma acelerada bem bonitinha, lembrando música Folk (novamente).

“La vie em chose” (Bel Garcia) poderia estar no repertório da cantora Silvia Machete. A melhor letra do disco é essa. Os toques de ironia são ótimos: “às vezes um porre de vodca pode ajudar, a vida pode ser melhor pra lá de Bagdá”. Bluebell também propõe soluções: “eu aprendi que não importa o mal, é possível curar, dançando tango, comendo pastel, ou no banho a cantar”. E também reafirma o que muitas vezes as pessoas não querem aceitar de maneira nenhuma: “se lembre, o que não tem remédio, remediado está. Erga a cabeça, mude de estação e vá se aprumar. Tome alguns goles e saia de casa disposto a flertar”. Os barulhos de telefone e do chuveiro são irresistíveis, e somados ao vocal falado, é bem complicado passar indiferente. São muitas coisas numa mesma música que é adoravelmente estranha e bacana. Confunde a cabeça do ouvinte.



 

Chegando ao fim dessa excursão pelo fantástico mundo da Bluebell, acabamos conseguindo algumas pistas de quem é de verdade essa cantora. E que ela voltará a aparecer nos nossos aparelhos de som. O tempo já mostrou isso. Tá esperando o que para ouvir de novo esse disco? Ainda não tem? Corre numa boa loja e torça para encontrá-lo. Eu já tenho o meu. E com a capa original (ele foi relançado com outra capa).

1º Ordinary Life



2º Dull Routine



3º The fight in the cafe



4º I could have been



5º Bolas de sabão



6º Translation



7º It's out there



8º What's on?



9º Junk



10º Pack and go



11º Barbarellas



12º Who's the freak?



13º End of the line



14º La vie en chose

Escute o CD aqui:

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